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09 abril 2007

7 Mulheres

Seguindo os posts do Polzonoff, do João Phillipe e do Alex Castro, publico as 'minhas' mulheres literárias. Apaixonado mesmo, só pela primeira, as outras eu apenas 'ficaria'. Para justificar, vai um trecho sobre cada uma delas:

1 - Charlotte Rittenmeyer - "Palmeiras Selvagens"

"Trabalho com barro, ou com bronze, e uma vez com um pedaço de pedra, cinzel e marreta. Sinta. - Ela pegou na mão dele e fez com que esfregasse as pontas dos dedos na palma de sua outra mão - a larga, direta, forte mão, de dedos finos com unhas cortadas tão rentes como se ela as tivesse roído, a cutícula e as juntas dos dedos não exatamente calosas mas suavemente endurecidas e resistentes como a pelo de um calcanhar. - É o que faço: algo que se possa tocar, pegar, algo que pese na mão e se possa olhar pelo lado de trás, que desloque o ar e desloque a água e quando se deixa cair seja seu pé que se quebre e não o objeto."

2 - Mme. Chauchat - "A Montanha Mágica"

"Era uma senhora que atravessava a sala, ou melhor, uma moça, de estatura média, vestida de pulôver branco e saia a fantasia, com cabelos ruivos, que ela usava numa trança enrolada em volta da cabeça... Andava sem fazer ruído, o que formava um contraste estranho com a sua entrada barulhenta; caminhando de um modo singularmente furtivo, com a cabeça levemente avançada..."

3 - Luzia - "O Continente", tomo 2

"E, sem compreender como, Bolívar odiou a noiva. Odiou-a por tudo quanto sentia por ela, odiou-a porque ela era bela, rica e inteligente. E odiou-a principalmente por causa de seus caprichos de mocinha mimada. Ele lhe pedira, lhe suplicara quase, que transferisse a festa do noivado para outro dia qualquer, a fim de que a cerimônia não coincidisse com a hora do enforcamento de Severino. Luzia batera o pé: "Não, não e não!""

4 - Sahrazad - "O Livro das Mil e uma Noites"

"Sahrazad, a mais velha, tinha lido livros de compilações, de sabedoria e de medicina; decorara poesias e consultara as crônicas históricas; conhecia tanto os dizeres de toda gente como as palavras dos sábios e dos reis. Conhecedora das coisas, inteligente, sábia e cultivada, tinha lido e entendido... Ela respondeu [a seu pai]: "Eu gostaria que você me casasse com o rei Sahriyar. Ou me converto em um motivo para a salvação das pessoas ou morro e me acabo, tornando-me igual a quem morreu e acabou""

5 - Albertine - "Em Busca do Tempo Perdido"

"Certos dias, delgada, pálida, aborrecida, uma transparência violeta a descer-lhe obliquamente ao fundos dos olhos, como algumas vezes se vê no mar, ela parecia estar sentindo uma tristeza de exilada. Noutros dias, sua face, mais polida, envisgava os desejos de sua superfície envernizada e os impedia de passar além, a não ser que de súbito eu a visse de lado, pois suas faces foscas como uma branca cera na superfície eram róseas por transparência, o que dava tanta vontade de as beijar, de tocar aquela tez diferente que se furtava."

6 - Molly Bloom - "Ulisses"

"...sim quando eu punha a rosa em minha cabeleira como as garotas andaluzas costumavam ou devo usar uma vermelha sim e como ele me beijou contra a muralha mourisca e eu pensei tão bem a ele como a outro e então eu pedi a ele com os meus olhos para pedir de novo sim e então ele me pediu quereria eu sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro eu pus os meus braços em torno dele sim e eu puxei ele pra baixo pra mim para ele poder sentir meus peitos todos perfume sim o coração dele batia como louco e sim eu disse sim eu quero Sims."

7 - Genoveva - do conto "Noite de Almirante"

"- Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não chorei muito... Mas o coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.

Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e cinismo, de insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que insolência e cinismo são mal aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um perjúrio; não se defendia de nada; faltava-lhe o padrão moral das ações. O que dizia, em resumo, é que era melhor não ter mudado, dava-se bem com a afeição do Deolindo, a prova é que quis fugir com ele; mas, uma vez que o mascate venceu o marujo, a razão era do mascate, e cumpria declará-lo. Que vos parece? O pobre marujo citava o juramento de despedida, como uma obrigação eterna, diante da qual consentira em não fugir e embarcar: "Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte". Se embarcou, foi porque ela lhe jurou isso. Com essas palavras é que andou, viajou, esperou e tornou; foram elas que lhe deram a força de viver. Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte...

- Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras coisas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...

- Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguém..."
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